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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O Período Napoleônico


Foi um processo revolucionário (recompôs a estabilidade política em França) em que se instalou um governo autoritário, centralizador e expansionista dirigido por Napoleão Bonaparte. Esta figura coroou-se imperador no ano de 1804 sob o título de Napoleão I.

A Era Napoleónica teve início em 1799 com o Golpe 18 de Brumário e caindo este império na data de 1815 com a Batalha de Waterloo na qual Napoleão é derrotado pelas tropas inglesas.
O Período Napoleónico pode fragmentar-se em três partes: o Consulado, o Império e o Governo dos Cem Anos.
Durante o consulado foram criadas novas instituições, e houve uma recuperação económica, jurídica e administrativa.
No período imperial, a França tornou-se um império e Napoleão consagrou-se imperador, vindo, mais tarde, a realizar uma série de batalhas para a conquista de novos territórios para o seu país. Como símbolo das suas vitórias Napoleão construía monumentos como Arcos de Triunfo nos locais conquistados. O Império Francês estabeleceu o Bloqueio continental na tentativa de enfraquecer Inglaterra.
Napoleão acaba por ser derrotado pelos aliados mas não definitivamente pois volta a Paris e reconquista o poder iniciando o Governo dos Cem Dias. Posteriormente e desta vez de forma definitiva o Império Napoleónico cai quando tenta invadir a Bélgica. Após a queda do seu império Napoleão é exilado para a ilha de Santa Helena onde morre.

A independência do México

A luta pela independência começou em 16 de Setembro de 1810, liderada por Miguel Hidalgo, um padre de ascendência espanhola.Após a invasão da Espanha por Napoleão I e a colocação do irmão deste no trono espanhol, os conservadores mexicanos e os ricos proprietários, apoiantes da família real espanhola da Casa de Bourbon mostraram-se contrários às políticas napoleónicas comparativamente mais liberais . Assim nasceu no México uma aliança à primeira vista improvável: de um lado os liberales, ou liberais, que defendiam um México democrático; do outro os conservadores que pretendiam um México governado por um monarca de Bourbon, que restaurasse o anterior status quo. As duas partes acabaram por concordar que o México deveria tornar-se independente e decidir o seu próprio destino. A figura mais proeminente da guerra da independência do México foi o padre José Maria Morelos.A guerra prolongar-se-ia por onze anos até à entrada do exército de libertação na Cidade do México em 1821. Assim, ainda que proclamada em 1810, a independência só foi conseguida em 1821, com a assinatura do Tratado de Córdoba, que ratificava o Plano de Iguala, no dia 24 de Agosto de 1821, em Córdoba. Foram signatários deste tratado o vice-rei espanhol Juan de O’Donojú e Agustín de Iturbide.
Em 1821 Agustín de Iturbide, um antigo general espanhol que havia passado para o lado das tropas independentistas, autoproclamou-se imperador (oficialmente tratava-se de uma medida temporária, até que se conseguisse persuadir um membro da realeza europeia a tornar-se monarca do México – ver Império Mexicano para mais informação). Uma rebelião contra Iturbide em 1823 levou à criação dos Estados Unidos Mexicanos. Em 1824 Guadalupe Victoria tornou-se o primeiro presidente do novo país; o seu nome de baptismo era Félix Fernandez tendo escolhido o seu novo nome por motivos simbólicos: Guadalupe como agradecimento pela protecção da Nossa Senhora de Guadalupe, e Victoria pela vitória obtida.
Hidalgo, primeiro defensor da independência mexicana.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

independência do haiti

A Independência do Haiti foi conquistada no século XVIII. O Haiti (São Domingos), colônia francesa do Caribe, era o maior produtor mundial de açúcar. Essa rica colônia também exportava rum (bebida alcoólica feita de caldo de cana) e algodão. Tudo baseado na plantation escravista.

Os escravos africanos eram submetidos a uma exploração desmedida. O trabalho era muito exaustivo e os castigos não paravam. Tudo isso foi alimentando o espírito de revolta. A Revolução Francesa de 1789 estimulou a rebelião. Em 1791, um negro chamado Toussaint Louverture liderou a mais gigantesca revolta de escravos da História das Américas. Brilhante general, ele comandou um exército de milhares de homens.

Em 1794, os revolucionários franceses jacobinos decretaram a abolição da escravatura nas colônias. Mas em 1802, as tropas napoleônicas desembarcaram na ilha e provocaram um banho de sangue. Louverture foi preso e levado para a França, onde morreu.

Toda a repressão não foi suficiente. Em 1804, o Haiti conquistava a independência e a abolição da escravatura. Mas o preço tinha sido muito alto. A economia estava arrasada e até hoje o país é um dos mais pobres do mundo.

O Haiti foi o primeiro país latino-americano a declarar-se independente. Negros e mulatos se unem sob a liderança de Toussaint L'Ouverture e, mais tarde, do ex-escravo Jean-Jacques Dessalines e combateram as tropas francesas até a proclamação em 1 de janeiro de 1804. Dois anos depois Dessalines é deposto e morto e o país tem o controle dividido entre Henri Christophe, ao norte, e Alexandre Pétion, ao sul. A unificação do país só acontece em 1820 sob o governo de Jean-Pierre Boyer.

O período mais sombrio na história do Haiti iniciou-se em 1957 com a ditadura de François Duvalier (o Papa Doc). O regime montou um aparato de repressão militar que perseguiu seus opositores, torturando-os e assassinando muitos deles. A repressão era encabeçada pela milícia secreta dos tontons macoutes, cuja tradução é "bichos papões". O Papa Doc foi assassinado em 1971. Seu filho Jean Claude Duvalier, o baby doc, deu continuidade ao regime de terror imposto pelo pai, governando até 1986, quando foi deposto por um golpe comandado pelos militares, que assumiram o poder, sucedendo-se no governo por vários anos. A esperança de redemocratização surgiu em 1990, quando ocorreram eleições livres e a população elegeu o padre Jean-Bertrand Aristide para presidente da república.

Países latino-americanos que declararam independência entre 1809 e 1821

Entre 1809 e 1818 várias colônias latino-americanas declararam-se autónomas e independente da Espanha. Estas foram as seguintes:

Venezuela – (proclamada em 19 de abril de 1810), no ano seguinte em 5 de julho de 1811, é realizada a assinatura da Declaração da Independência da Venezuela, e selada definitivamente após a Batalha de Carabobo, em 24 de junho de 1821).
Vice-Reino de Nova Granada - revoltas de Santa Fé de Bogotá em 20 de julho de 1810 e de Cartagena das Índias em 22 de Maio, (ver: Patria Boba).
Vice-Reino da Nova Espanha - (ver: Independência do México) Grito de Dolores, 16 de Setembro de 1810, embora geralmente é entendida, de fato, após o Plano de Iguala em 27 de Setembro de 1821).
América Setentrional
Quito - (ver: Independência do Equador) proclamada em 10 de Agosto de 1809 e rapidamente reprimida, mais uma vez proclamada em 2 de agosto de 1810, embora geralmente é entendida, de fato, após a Batalha de Pichincha em 24 de maio de 1822). Guayaquil declarou a sua independência em 9 de outubro de 1820 (ver: Provincia Livre de Guayaquil).
Vice-Reino do Rio da Prata - (ver Primeira Junta) nomeada em 25 de maio de 1810, Independência da Argentina (proclamada em 9 de julho de 1816, antes a Liga Federal declarou a sua independência em 29 de junho de 1815, no Congresso do Oriente).
Paraguai (proclamada em 15 de Maio de 1811).
Capitania Geral do Chile - (ver Independência do Chile) (proclamada em 12 de fevereiro de 1818).
O principal motivo para a crise colonial na América espanhola foi a crise institucional que eclodiu na metrópole quando Napoleão Bonaparte obrigou a abdicação de Carlos IV em favor Fernando VII e este últimos em favor dos Bonaparte, com José Bonaparte como o novo rei da Espanha e suas colônias.

Esta crise e a subsequente invasão da Espanha pelo exército napoleônico, levaram à criação de juntas fernandistas em várias cidade do território espanhol. Muitos destas juntas fernandistas na América possuiam dirigentes claramente autonomistas independentistas.

Embora a crise institucional na Espanha foi um gatilho, estas eram uma última oportunidade esperada para a autonomia e líderes de independência. Desde o início da colônia, mas sobretudo porque os Bourbons assumiram o trono da Espanha, a administração colonial foi centrada nas pessoas influência nos tribunais espanhóis, assim como o na casa de recrutamento de Sevilha, uma posição que não era propícia a indivíduos nascidos na América.

O Rei Carlos III, como um típico déspota esclarecido da época, promoveu as artes e permitiu um grande afluxo de idéias do Iluminismo na América, enquanto exercia um forte poder político. Carlos III apoiou as colónias britânicas, em sua guerra de independência, contratando e promovendo a instituição de novos tributos fiscais para subsidiar a defesa dos interesses espanhóis na região das Caraíbas. Estes eventos resultaram nos anos 1780 um rompimento da pax hispanica que rege a colônia espanholas desde a sua criação. A revolta da comunidade de Nova Granada e da revolta de Tupac Amaru, no Peru demonstram esta nova realidade.

Carlos IV não se caracterizou pelo seu férreo controle do poder. Mais interessado em ciência deixou a política nas mãos de seus ministros, que, especialmente no caso de Godoy, promoveu reformas liberais em diversos aspectos sociais, enquanto relegava cada vez mais para as colônias e os súditos nas colônias como súditos de segunda.

Por outro lado, a Espanha impôs uma série de restrições comerciais nas colônias, que não poderia comercializar uns com os outros, muito menos o comercializar com outras nações como o Reino Unido ou Estados Unidos. Todas as relações comerciais foram determinados a partir da Espanha. A influência das idéias liberais e as restrições políticas e comerciais, criaram o descontentamento que foi catalisado pela crise espanhola de 1809.

Países latino-americanos que declararam independência entre 1821 e 1825
1821:

24 de junho - Batalha de Carabobo com vitória decisiva para a independência da Venezuela.
28 de Julho - San Martin ocupa Lima e declara a independência do Peru.
1 de Dezembro - República Dominicana, durou até 9 de fevereiro de 1822, quando o país foi anexado pelo Haiti (ver: Independência efêmera).
15 de setembro - Os territórios compreendidos pela Capitania Geral da Guatemala ganharam independência a partir do Governo espanhol.
21 de setembro - Ato de Independência do Império do México.
28 de novembro - O Panamá se integra a Grã Colômbia.
1824:
24 de maio - O Equador consegue a sua independência na Batalha de Pichincha.
1825:
6 de agosto - Independência da Bolívia.
1828 - O Uruguai torna-se independente do Brasil e Argentina.

Países latino-americanos que declararam independência após 1828

As Províncias Unidas da América Central, conhecidas desde 1824 como a República Federal da América Central, desintegraram nos seguintes estados:
Costa Rica, primeiro entre 1829 e 1831 e finalmente em 1838.
Nicarágua, em Abril de 1838.
Guatemala, em Abril de 1839.
Honduras em 1839.
El Salvador em 1839 e formalmente em 31 de Janeiro de 1841.
A República Dominicana ganhou sua independência do Haiti, em 27 de fevereiro de 1844, anexando-se à Espanha em 16 de agosto de 1861. Tornou-se independente novamente depois da Guerra da Restauração (República Dominicana) concluída em 1865, proclamada com o grito de Capotillo em 16 de agosto de 1863.
Após concluir a Guerra Hispano-Americana e depois da assinatura do Tratado de Paris (1898), Cuba, Porto Rico, Filipinas e Guam ficaram sob o controle dos Estados Unidos.

Cuba ganhou a sua independência em 20 de Maio de 1902, mas permaneceu sob controle dos EUA sob a Emenda Platt até 1934.
Porto Rico continua a ser um Estado livre associado aos Estados Unidos, ainda hoje, não é um estado independente.
Panamá se separou da Colômbia, com auxilio dos EUA (que tinham interesses na construção do Canal do Panamá) e proclamou a sua independência em 3 de novembro de 1903.

emancipações políticas da américa espanhola

Para sabermos um pouco mais sobre a emancipação política na América Espanhola, é preciso recordar como foi a sua colonização. É preciso compreender como a sociedade se comportava e lembrar mercantilismo, colônias de exploração, etc, para podermos dizer que mesmo se tornando independentes, a estrutura dessas sociedades não se modificou.


Colonização

A Espanha era uma metrópole mercantilista, isto quer dizer que, as colônias só serviam para serem exploradas. A colonização só teria sentido se as colônias pudessem fornecer produtos lucrativos. Desta forma a maioria das colônias espanholas (e também portuguesas) foram colônias de exploração, que dependiam das regras impostas pela metrópole.

O fator mais importante pela colonização espanhola foi a mineração. A base da economia espanhola eram as riquezas que provinham , especialmente da Bolívia, a prata e também o ouro de outras colônias. Foi esta atividade, a mineração, a responsável pelo crescimento de outras que eram ligadas, como, a agricultura e a criação de gado necessários para o consumo de quem trabalhava nas minas.

Quando a mineração decaiu, a pecuária e a agricultura, passaram a ser as atividades básicas da América Espanhola.


A Exploração do Trabalho

Em alguns lugares como Cuba, Haiti, Jamaica e outras ilhas do Caribe, houve exploração do trabalho escravo negro, porém, de modo geral o sistema de produção na América Espanhola se baseou na exploração do trabalho indígena.

Os indígenas eram arrancados de suas comunidades e forçados ao trabalho temporário nas minas, pelo qual recebiam um salário miserável. Como eram mal alimentados e tratados com violência a maioria dos indígenas morria muito rápido.


A Sociedade Colonial Espanhola

A grande maioria da população das colônias era composta pelos índios. A população negra escrava, era pequena, e, foi usada como mão de obra , principalmente nas Antilhas.

Quem realmente mandava e explorava a população nativa eram os espanhóis, brancos, que eram a minoria mas, eram os dominadores.

Assim podemos dividir a sociedade entre brancos ( dominadores ) e não-brancos ( dominados ).

Mesmo entre a população branca havia divisões como :

Chapetones - colonos brancos nascidos na Espanha, eram privilegiados.

Criollos - brancos nascidos na América e descendentes dos espanhóis. Eram ricos, proprietários de terras mas, não tinham os mesmos privilégios dos Chapetones.

Além disso, a mistura entre brancos e índios criou uma camada de mestiços.


A Administração Espanhola

Os primeiros conquistadores, foram também os primeiros administradores. Eles recebiam da Coroa espanhola o direito de governar a terra que tivessem descoberto.

Com o crescimento das riquezas, como o ouro e prata descobertos, a Coroa espanhola foi diminuindo o poder desses primeiros administradores e passou, ela própria a administrar.

Dessa forma, passou a monopolizar o comércio e criou órgãos para elaborar leis e controlar as colônias.


Emancipação Política da América Espanhola

Só é possível compreender como as colônias espanholas na América conseguiram se libertar, se voltarmos atrás e recordarmos o Iluminismo.

No inicio do século 19, a Espanha ainda dominava a maior parte de suas colônias americanas, mas, da França chegavam novas idéias. Era a época das Luzes ! Os ares eram de liberdade, os filósofos do Iluminismo pregavam que a liberdade do Homem estava acima de qualquer coisa. Não aceitavam que os reis pudessem usar sua autoridade acima de tudo. Afinal, os iluministas valorizavam a Razão, dizendo que o Homem era dono de seu próprio destino e devia pensar por conta própria.

Publicações feitas na França e na Inglaterra contendo essas idéias estavam chegando às colônias escondidas das autoridades. Idéias de liberdade também vinham através de pessoas cultas que viajavam e fora, descobriam um pouco mais da filosofia iluminista. Mas, quem eram essas pessoas cultas ?

Quando nós vimos a Sociedade Colonial Espanhola, estudamos os CRIOLLOS. Eles eram brancos, nascidos na América, que tinham propriedades rurais, podiam ser também comerciantes ou arrendatários das minas. Eles tinham dinheiro mas não tinham acesso aos cargos mais altos porque esses cargos só podiam ser dos CHAPETONES. Então, os Criollos usaram o dinheiro para estudar. Muitos iam para as universidades americanas ou européias e, assim tomavam conhecimento das idéias de liberdade que corriam mundo com o Iluminismo.

Os Criollos, exploravam o trabalho dos mestiços e dos negros e eram donos da maior parte dos meios de produção e estavam se tornando um grande perigo para a Espanha. Por isso, a Coroa espanhola decidiu criar novas leis :

•os impostos foram aumentados
•o pacto colonial ficou mais severo
( o pacto colonial era o acordo pelo qual as atividades mercantis da colônia eram de domínio exclusivo de sua metrópole )

•as restrições às indústrias e aos produtos agrícolas coloniais concorrentes dos metropolitanos se agravaram.
(assim, as colônias não podiam desenvolver seu comércio com liberdade )

Os Criollos tinham o exemplo dos EUA que haviam se libertado da Inglaterra. E, a própria Inglaterra estava interessada em ajudar as colônias espanholas porque, estava em plena Revolução Industrial. Isto quer dizer que, precisava de encontrar quem comprasse a produção de suas fábricas e, também de encontrar quem lhe vendesse matéria prima para trabalhar. Assim, as colônias espanholas receberam ajuda inglesa contra a Espanha.

Quando aconteceu a Revolução Francesa, os franceses, que sempre tinham sido inimigos dos ingleses, viram subir ao poder Napoleão Bonaparte. Foi quando a briga entre França e Inglaterra aumentou. Por causa do Bloqueio Continental, imposto pela França, a Inglaterra não podia mais fazer comércio com a Europa continental (com o continente).

Por causa disso, a Inglaterra precisava mais do que nunca de novos mercados para fazer comércio, portanto ajudou como pôde as colônias espanholas a se tornarem independentes.

A França também ajudou, porque Napoleão Bonaparte com seus exércitos, invadiu a Espanha e colocou como rei na Espanha, seu irmão. Portanto, automaticamente, sendo dependente de França, a Espanha passou a ser inimiga também da Inglaterra. Isso foi o motivo que a Inglaterra queria para colocar seus navios no Oceano Atlântico e impedir que a Espanha fizesse contato com suas colônias espanholas.

Os Criollos então, se aproveitaram da situação e depuseram os governantes das colônias e passaram a governar, estabelecendo de imediato a liberdade de comércio.

Mesmo depois que o rei espanhol voltou ao poder, a luta pela independência continuou e a Inglaterra seguiu ajudando, porque sem liberdade não haveria comércio.

bloqueio continental

O Bloqueio Continental foi a proibição imposta por Napoleão Bonaparte com a emanação, em 21 de novembro de 1806, do Decreto de Berlim, que consistia em impedir o acesso a portos dos países então submetidos ao domínio do Império Francês a navios do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. Com o decreto buscava-se isolar economicamente as Ilhas Britânicas, sufocando suas relações comerciais e os contactos com os mercados consumidores dos produtos originados em suas manufaturas.

Napoleão justificou tal violação do direito internacional como uma exigência de responder à ação de bloqueio dos portos franceses por navios da Marinha do Reino Unido, que anteriormente ao decreto napoleônico havia por diversas vezes sequestrado navios franceses.


Objetivos e extensão

A situação da Europa em 1811. As cores indicam (do azul escuro ao claro) os países:
- Membros do Império;
- Satélites;
- Os que aplicam o bloqueio.O objetivo do bloqueio era atingir a economia britânica. Com a derrota em Trafalgar, a França não teria mais condições de contestar o domínio inglês dos mares nem teria a possibilidade de invadi-la com uma expedição de tropas transportadas via marítima. Depois da incursão naval inglesa na Dinamarca de agosto de 1807, o Bloqueio foi estendido também aos portos do mar Báltico e, em novembro e dezembro do mesmo ano, foi radicalizado com os dois Decretos de Milão.

Com o primeiro, de 23 de novembro de 1807, foram listadas algumas mercadorias, entre elas as provenientes das colônias, que seriam consideradas a priori como provenientes do Reino Unido. Além disso, qualquer navio, não apenas os britânicos, que atracassem num porto sujeito ao Bloqueio vindo de um porto do Reino Unido seria sujeito ao confisco da carga. Com o segundo decreto, de 17 de dezembro de 1807, estabeleceu-se que os navios neutrais provenientes de pontos britânicos seriam considerados sem nacionalidade e, portanto, passíveis de captura em alto-mar por parte de navios franceses. Depois de tais decretos, também a Rússia do czar Alexandre I adotou o bloqueio e convenceu a Áustria a também fazê-lo.

Todavia, o Bloqueio Continental foi pouco respeitado, principalmente pela corrupção (mediante suborno) de oficiais franceses que deveriam fiscalizar a aplicação de todos os decretos (o de Berlim e os de Milão)

A reação britânica

Jorge III do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda.A reação do Reino Unido não tardou: em janeiro de 1807 foram emitidas algumas ordenanças que institucionalizaram o comportamento de facto da Marinha Real Britânica com relação aos navios neutrais que tinham como destino portos franceses. Os navios abordados em alto-mar transportando mercadorias eram capturados e vendidos em leilão, além de ter a carga sequestrada. A potência da marinha britânica pôde tornar tal medida muito mais eficaz que o bloqueio imposto por Napoleão Bonaparte. Como resultado, as mercadorias coloniais simplesmente desapareceram dos mercados dos países sujeitos ao Bloqueio Continental. A ação dos britânicos levou a que os Estados Unidos da América, uma das nações neutras, aprovassem a Lei de Embargo de 1807 contra os britânicos e que em última instância levaria a Guerra de 1812.

Efeitos do bloqueio
O Bloqueio Continental revelou-se um tiro pela culatra para Napoleão. O bloqueio era mal visto pelas nações "aliadas" à França e isto contribuiu para reduzir em grande medida o prestígio de Napoleão nas terras por ele conquistadas. O desrespeito ao bloqueio exigiu que a França tomasse várias medidas contra as populações por ela administradas, incluídas ações de repressão militar, significando um grande dispêndio de recursos econômicos e humanos, que ao fim e ao cabo mostrou-se fatal.

A intervenção contra Espanha e Portugal (outro país que, como os Países Baixos, vivia do tráfico marítimo, não se podia permitir ganhar a inimizade da primeira potência marítima do mundo à época) do período 1807-1809 teve como objetivo impor às duas nações o respeito ao Bloqueio e a Campanha da Rússia de 1812, que posteriormente levará Napoleão à ruína, foi a resposta ao ultimato do czar Alexandre I da Rússia de 27 de abril de 1812, no qual intimava Napoleão à remoção do Bloqueio em seu país.

Analisando-se todos os aspectos da questão e não somente aos estritamente econômicos, o Reino Unido conseguiu conter as consequências negativas do Bloqueio Continental muito mais efetivamente do que a França, que sairia então derrotada.